Esta empresa nasce a partir da elaboração de um projeto de arquitetura para um programa educacional de apoio a uma comunidade de cidadãos com deficiência intelectual.
Pela sua natureza, este projeto inicial abrange uma série de temas conceptuais e espaciais que acabarão por influenciar os projetos seguintes, nomeadamente os que mais lidam com programas públicos.
Questões como o espaço de partilha como complemento entre a zona exclusivamente pública e as áreas mais condicionadas e/ou interiores, ou o edifício enquanto estrutura qualitativa do tecido urbano, são incondicionalmente abordadas nos projetos de BAIXA ATELIER.
Neste sentido, em ambas as encomendas, pública ou privada, o projeto assume uma importância cultural e contextual, tornando-se mais abrangente e universalista do que a assunção de um mero programa funcional ou o cumprimento de regulamentos, regras e normativas locais.
Numa sociedade constantemente bombardeada pela força da imagem e da comunicação, a efemeridade assume uma particular relevância, não só pela influência dos meios de comunicação e da velocidade da economia global, mas também pela obsolescência funcional a que estão sujeitas as estruturas físicas de suporte das nossas atividades, em períodos de tempo cada vez mais curtos.
Os projetos encaramo-los como uma possibilidade de contrariar esta tendência de desprezo pelo ultrapassado e, ao contrário, de descobrir o valor e potencialidade daquilo que é presente e real nas estruturas arquitectónicas e urbanas, por forma a recuperá-las e recriá-las pelo desenho de projeto, seja por ações de recuperação do edificado ou em projetos para novas edificações.
Por esta razão, a construção do projeto assume particular importância do ponto de vista metodológico e construtivo. Os princípios do projeto assentam no reconhecimento dos valores mais clássicos da arquitetura, mas a sua tradução pelo desenho concebe espaços de inquietude. Procuramos o dinamismo da forma clássica para, com o rigor da construção, oferecermos perenidade.
BAIXA ATELIER entende a Arquitetura e o Desenho Urbano como um ato de relevância social, política e económica. Acreditamos que ser-se arquiteto é assumir uma posição ética, é defender as qualidades do espaço arquitetónico (mesmo aquelas que são invisíveis), dar lugar ao sensorial, criar oportunidades para o experimentalismo.
E ir além da mediania da construção, além da aceitação directa e acrítica de normas, fichas técnicas e catálogos digitais, programas e metodologias que apenas oferecem respostas inócuas a uma sociedade sem risco.